Crise, fusão, redução de quadro…Afinal, quando é hora de pedir aumento?

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Este é um assunto bem polêmico. De um lado quem precisa do aumento, sempre achando mais do que merecido. Do outro, a empresa querendo ter ou melhorar a rentabilidade, cortar custos, etc. Parece uma batalha, um “kumite”, só um sairá vivo… Menos drama.

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Alguns não precisam passar por isto. Por gestores atentos e uma contribuição consistente são periodicamente reconhecidos pelas suas contribuições. Ou ainda por serem estratégicos, conhecedores de algo específico, no qual perde-lo seria ainda mais danoso para a empresa do que retê-lo. Sorte deles. Mas para muitos outros, pedir aumento pode ser algo necessário em algum momento de sua vida profissional.

O que você precisa ter em mente quando vai pedir um aumento para seu chefe? Vamos às dicas:

Mesmo em situação crítica, pode ser um bom momento para pedir aumento.

Os problemas criam oportunidades, pode ser que consiga ampliar sua atuação, incorporando mais funções por exemplo, isto aumenta a carga de trabalho, mas é um ótimo mote para conseguir um aumento, além de ser bem visto pela empresa que precisa economizar se estiver numa fusão ou em outro momento de mudança organizacional.

Mas tenha bom senso. Se está às vésperas do período do dissidio, se está para sair em férias, se acabou de retornar de férias coletivas, no dia que seu chefe retornar das férias, tudo isto mostra falta de tato, noção corporativa e até malícia…

Suas contribuições precisam ser relevantes, consistentes e coerentes.

Não adianta pedir aumento alegando que faz bem suas tarefas e nunca chega atrasado, isto faz parte das obrigações esperadas. Também não dá para pedir aumento alegando tempo de casa. Se você está há muito tempo fazendo a mesma coisa do mesmo jeito o problema é outro, você estagnou… e ninguém ganha aumento por ter estagnado.

E não adianta fazer o trabalho dos outros super bem e deixar o seu de lado, a avaliação precisa ser por ordem esperada: entregou o que deveria, superou o esperado e ainda fez mais. Sempre fazer o relatório da outra área não te trará o aumento desejado.

Dados e fatos

Ainda no campo das contribuições, não use qualitativos exagerados para descrevê-las, prefira os simples e diretos dados e fatos. O desempenho profissional deve ser comprovado: leve informações, resultados concretos e mensuráveis, contribuições reconhecidas e importantes. É a hora de vender o seu peixe, e nada melhor que ter subsidio para isto.

Poupe a todos dos detalhes pessoais

É duro, ríspido, mas é verdade. Por mais que seu chefe tenha bom coração, seja empático e generoso, sua autonomia vai só até certo ponto e ele definitivamente não é seu terapeuta. Fora isto, aumentar o salário de alguém porque ele gasta mais do que ganha, porque a mãe está doente, porque se separou ou qualquer outro motivo de caráter pessoal, não só é prejudicial para a empresa como para a relação do chefe com você e com os demais subordinados. Nesta hora, não é ganha quem chora mais. Imagine você contando para seu colega que trabalho que conseguiu aumento porque vai ser pai. Seu colega pode estar com aluguel atrasado, então, qual é a diferença em pedir também?

Blefar pode ser fatal

Se tem outra oportunidade de emprego na mão, ótimo. Isto sempre pode ser um fator de sensibilização para a empresa se a convergência de fatores ajudar: você for importante para a empresa, a empresa estiver numa situação em que possa estudar aumentos (neste caso, retenção), o valor for próximo ou as condições possíveis de serem cobertas. Caso contrário, ouvirá um “ok, obrigado por tudo e boa sorte em sua nova jornada”. E você precisa estar pronto para isto.

Mas se você tiver blefado? Aí é o pior dos mundos, qualquer remendo nesta conversa vai sair pior que a intenção inicial. Fora a confiança que vai pelos ares e você passa a perder pontos, e muitos, na régua de consideração para um futuro aumento.

A mesma coisa vale para tom de ameaça, ele é seu chefe e não vai lidar com pirraça. Não queime sua imagem.

Não acredite em milagres

Se a política da empresa é expressa e diz que o máximo de aumento é de 15% em cada período de no mínimo 6 meses, você pode até tentar algo maior que este percentual ou em prazo menor, mas não se planeje contando com isto. Novamente, coisas assim acontecem, mas demandam ou uma escalada hierárquica enorme com diversos comitês etc. ou chefes com muito poder de influência. Em qualquer caso, você precisará ser relevante e ter desempenho profissional incrível para merecer este esforço.

Apesar do mercado, olhe a empresa

Muitos consultores dizem para levar tabelas de cargos e salários do mercado como referência, mas na minha humilde opinião, não rola. Se for uma empresa menos estruturada, pode até ser que consiga alguma sensibilização, mas o mais provável é que seja uma prática da empresa. Se for estruturada, então nem adianta, já que a política afeta todos na corporação e não deve haver, na medida do possível, exceções. Se for empresa renomada então, a estratégia é completamente errada e você ainda pode ouvir um polido “tem gente que pagaria para trabalhar aqui”, descabido, mas acontece.

O salário do meu melhor amigo

Atenção com as comparações. Teoricamente, salário é algo pessoal e particular. E por não ser assim na prática é que tanto se evitam as exceções, afinal todo mundo fica sabendo de um jeito ou de outro… péssimo. Por isto, não compare seu salário com o de outros da empresa ou pior, de outros mercados diferentes do da sua empresa. Vamos lá, há empresas que pagam pouco, pagam normal e pagam bem por natureza, analise e escolha seu caminho a trilhar e corra atrás disto.

Meu chefe não resolve

Por favor, pelo menos faça uma conversa formal com seu chefe antes de tentar galgar outros contatos na hierarquia. Se ele é do tipo que “não resolve nada”, siga pelo menos o protocolo para não ter que ouvir “já falou com seu chefe sobre isto?”.

Tenha em mente também que às vezes o problema não é seu chefe. É a política, a empresa, as regras baixadas, o momento, etc. O chefe tem este papel de intermediador na maioria das empresas, sem ter autonomia para decisões imediatas.

Vale o feed back

Mesmo negativa, a resposta a um pedido de aumento pode ser uma excelente oportunidade para você identificar o que falta para chegar lá. Pode ser postura, desempenho ou nada. De qualquer forma, o feed back vai ser um ótimo material para você decidir seus próximos passos.

O aumento não mudará sua vida

É fato. Quando se pensa em aumento, há mudança no padrão. Seja de bom para melhor, seja de ruim de tantas dívidas para bom estou no azul. Se este último for seu caso, atenção redobrada. Sem um planejamento concreto e minucioso de seus gastos e dívidas, o aumento vai ser um alívio passageiro. Cuidado com os motivadores do seu pedido.

Agora que tem algumas considerações sobre o aumento, vai lá e se avalie. Quem sabe é o momento?

 

Abs, e não deixe de aproveitar a vida!

 

Sobre a autora:

Glaucia Miyazaki – parceira RH|PM

Sou executiva e Coach com mais de 17 anos de experiência profissional no chamado “Mundo Corporativo”, atuando em cargos de liderança e diretoria das áreas de Marketing, Vendas e TI de diversas empresas mercado. Publicitária formada pela ESPM/SP, Pós-graduada em Administração e com MBA em Gestão Empresarial pela FGV/SP. Vivenciei de tudo: de pequenas familiares a gigantes varejistas, de Entretenimento a Telecom, de Start-ups a falimentares, de serviços e de produtos, de organizadas as sem muitas regras…Tenho uma abordagem mais holística sobre a gestão e seu papel e sou conhecida pela forma franca e direta de me expressar. “Quando me pedem um feed-back, já vou logo perguntando: Com ou sem açúcar?”.

Além disto sou mãe (dois lindos meninos), mulher, esposa, estou trabalhando em um livro sobre Gestão e adoro cozinhar.

Crédito de Imagem: pixabay.com


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