Em expansão…

Van Petri

Era uma vez uma garota que tinha uma fixação – ser juíza. Imaginar-se de toga era uma visão para lá de excitante. O desejo de ser justa, e fazer a justiça valer, ocupava seus sonhos. Após longas tentativas frustradas em vestibulares de verão/inverno e a classificação que insistia em se manter no quase, a realidade se impôs: o curso de direito não era para ela.

Depois de um longo período, era hora de escolher outro caminho. Assim, uma conversa de dois minutos lacrou o veredito: tentar uma vaga em Comunicação Social.

Inscrição efetuada, vestibular realizado, aprovação consolidada (logo na primeira tentativa!). Quatro inesquecíveis anos. E a garota que sonhava em ser juíza, finalmente se formou em Relações Públicas, sem arrependimentos e ansiosa pelo futuro.

Por ironia, iniciou sua “carreira” na área de eventos. O fato de “torcer o nariz” para a dinâmica do trabalho não impediu que ela, de certa forma, se realizasse. A garota havia aprendido que nem tudo seria fácil (clichezão mais que verdadeiro).

Diante de um cenário mecânico, a rotina e frustração eram um incômodo diário. A vontade de fazer algo diferente era permanente. As indagações sobre propósito, querer, competência, felicidade, impacto, qualidade de vida e, principalmente, ousadia em não se bastar, eram latejantes. Como potencializar outras habilidades? Outros caminhos? É isso mesmo? Sim ou não?

A garota então aproveitou a oportunidade de uma porta que se fechou para trabalhar a possibilidade de empreender. Primeiramente optou por empreender em si mesma e se jogar em estradas que conduzissem à descobertas. Qualquer resultado seria bem-vindo. Cabeça aberta com a intenção de surtar e absorver tudo o que a experiência pudesse proporcionar. Sem rótulos, títulos, estereótipos ou padrões.

Para isso investiu na paixão pela criatividade e se matriculou em alguns cursos de uma escola de atividades criativas para empreender em algo maior: dar vida a um negócio [ainda em gestação], que começou a tomar forma a partir de uma vontade comum.

A garota aprendeu que empreender é osso, bem mais do que contam por aí. Oportunidades existem. Mas, a distância entre identificar, idealizar e realizar por vezes a paralisou.

A ideia original é algo em constante transformação (viva o beta!).

Mesmo em um caminho sinuoso, a vontade de superar e realizar fez com ela permanecesse na estrada. Teimosia? Talvez. O foco na construção de algo que resulte em impacto positivo vale [para ela] qualquer desilusão, intempérie, percalço ou contratempo.

Em paralelo, atenta à mudança de era [escancarada e marcada pela liquidez presente nas relações1, incluindo as empregatícias], a garota começou a perceber o ato de criar o próprio emprego2 como uma realidade, necessidade e vantagem; algo desafiador, tangível e libertador.

O processo é dolorido e divertido. Medo, incerteza, dúvida e questionamento (amigos inseparáveis). Superar, romper e quebrar paradigmas (exercícios de persistência). Ressignificar, aprender e reaprender (verbos fundamentais). Atitude (inerente). Desistir (vontade ordinária/ reaça).

Todavia, a garota sempre soube da existência de dias nebulosos e desanimadores. Diante disso, ela deixou portas e janelas abertas. E, justamente quando menos esperava, um novo cenário surgiu. O período de gestão expandiu. Ela continua aproveitando as estradas, mas, agora, em um empreendedorismo bipolar (corporativo e social).

O corporativo em um desafio profissional congruente com seus valores e crenças. Empreender no empreendedorismo de outros, na mesma pegada de construção. Construir uma nova forma de comunicar, não violenta ou empática, capaz de humanizar ambientes, processos, desempenhos, metas e resultados.

O social em um negócio colaborativo. Transformar um projeto inicial solo, de duas, gradualmente em um projeto de todxs. Sim, mais “donxs” são atraídos para um modelo beta que quebrou seu paradigma inicial e se reconstruiu dentro do seu objetivo de construção. Agora, o foco está em uma construção descontruída que vá além da colaboratividade no pensar, agir e trabalhar.

Embora, essa bipolaridade tenha um cê de contradição, a garota continua firme e convicta em seu propósito de construir. Tá tranquilo, tá favorável …. Mentira. Quase sempre não está. Mas, só o fato de buscar a expansão do campo de possibilidades3 e a transformação do próprio trabalho, pode no mínimo trazer [a ela] mais satisfação e uma pequena vantagem no cenário previsto para o futuro4.

Futuro? Ah … Essa história, fica pra próxima prosa. Até lá!!!

 

 

Sobre o autor:

Van Petri – parceira RH|PM

Apaixonada por música, livros, filmes e experiências, ouso dizer que meu principal foco de atenção é o ser humano. Eita! Bicho homem que faz meus olhos brilharem com um simples “dedinho de prosa”. O universo que é cada um em si torna-se fonte preciosa de informações, que contribuem para meu “fantástico” mundo de ideias e soluções.

Crédito de Imagem: Pixabay

Referências:

1Bauman: https://colunastortas.wordpress.com/2013/07/22/modernidade-liquida-o-que-e/

2Yunus: http://startse.infomoney.com.br/portal/2015/08/11/13089/nao-chore-por-estar-desempregado-crie-seu-emprego-diz-premiado-com-nobel/

3Oliveira: http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Visao/noticia/2015/04/voce-nao-e-o-cargo-que-ocupa.html

4Trabalho no futuro: https://www.greenme.com.br/viver/trabalho-e-escritorio/2815-como-sera-e-se-tera-trabalho-no-futuro


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