Ouvi duas frases num curtíssimo espaço de tempo que me levaram a escrever este artigo: “Nunca confunda as pessoas que estão à sua volta com as pessoas que estão com você” e “se planta sozinho e se colhe em conjunto”. Pensando bem, verdade…

As pessoas misturam muito e, infelizmente, no mundo tão virtual atual, você pode estar sozinho no meio de uma multidão ou então gozar de glórias num período e total esquecimento no outro… Haja antidepressivo para tantos altos e baixos!

O fato é que ter um monte de conexões significa só que você tem um monte de conexões e não necessariamente que tenha um network sólido ou, ainda pior, achar que tenha um monte de amigos…

Tem gente que simplifica e até confunde o Marketing Pessoal com o Network. Marketing pessoal não é só ‘existir e atuar’ nas redes, vai muito além disto. Significa ter uma imagem e conseguir transmiti-la por completo para a outra pessoa, seja pelo conteúdo (o que você diz), atitudes e conduta (o que e como você faz), forma de encarar os acontecimentos (postura), até pela forma com que se veste ou itens que utiliza (imagem), entre muitas outras coisas. Enfim, é o “Você S.A” narrado pelos outros. Se o seu Marketing Pessoal é bom e consistente, os outros vão propaga-lo. Se for falho, as pessoas não saberão te definir como você gostaria – talvez até façam uma imagem diferente da que você deseja passar…

E o Network. Este todo mundo diz que sabe e faz… “quanto mais gente na minha rede melhor”. Sorry, você está enganado. De verdade verdadeira, difícil de ser admitido por muitos, mas provavelmente muitas das pessoas que estão no seu “network”, na verdade, são contatos comerciais ou ainda pessoas que você nem conhece.

São aqueles com quem você se envolveu profissionalmente, quando estava com um crachá da empresa XPTO e que te conhecem como ‘fulano da XPTO”. Você pode até ter tido um ótimo relacionamento, ter ficado bem próximo das pessoas, ter feito grandes negócios que foram ganha-ganha, mas naquela hora que você acha que deve acionar seu Network (geralmente quando precisa de um favor ou perde o emprego) tem um retorno vazio, quase como se dissessem: “Desculpe-me, não tenho tempo para você agora”… e então você se frustra, se sente usado, desvalorizado… menos drama!

E em tempos de redes sociais, seu “network” pode estar cheio de pessoas que conheceu de passagem ou nem conheceu, afinal é fácil “pedir” conexão, ser aceito e acabou ai…

Ao acionar seu ‘network’ apenas em seus momentos críticos, você – eu e milhões de pessoas em algum momento da vida – cometeu dois erros: 1 – achar que todo Contato Comercial é seu Network e 2 – acionar o seu Network somente quando você precisa. Entendeu porque teve o retorno vazio?…

Existe uma pressão social e empresarial em torno do tema e não é raro ouvir: “Você precisa fazer network”, “Você precisa melhorar seu network”…

Vamos entender melhor. Contato Comercial é toda e qualquer pessoa ou empresa com que você se relaciona durante a vida profissional. Com alguns você terá uma relação mais direta, outros mais de fornecedor, outros de parceiro e assim por diante. Muitos duram empresa pós empresa, pois fazem um bom trabalho, tornam-se seus conhecidos, etc. Outros são efêmeros, pagou recebeu e acabou. Nenhum problema nisto.

Network, por sua vez, é uma rede de relacionamentos recíprocos. Network não é apenas estar nos eventos, trocar cartões e ter conexões nas redes sociais. O network não deve ser construído com base nos seus interesses pessoais ou de sua empresa para já. Se você fizer isto, está só dando outro nome para a compra de mailing e terá como retorno aquela coisa vazia, pró forma, sem compromisso.

Network também não é rede de melhores amigos. Mas então o que é uma rede de relacionamentos recíprocos, já que relacionamentos são sempre importantes em diversos momentos da nossa vida? É uma rede que você constrói e mantem contato de forma consistente. Não precisa ser frequente ao ponto de se tornar chato, inconveniente, mas também não vale só ligar no aniversário… E as coisas mecânicas que as redes proporcionam: “parabenize fulano pelo aniversário de empresa”, também é automático demais. Network de verdade é você ver importância na relação, cultivá-la, ter a pessoa como referência e isto ser recíproco. Você tem um network quando lembra e é lembrado.

Lógico, ninguém é hipócrita de pensar que você tem uma super rede de relacionamento somente porque é legal e sociável, é lógico que você deseja que ela seja “útil” em algum momento do tempo, e ela é. Esta rede é que se torna capaz de ser uma referência validadora das suas competências numa disputa de emprego, ou ainda ela pode ter o emprego e buscar indicações, ela pode ajudar a fazer negócios, concretizar projetos, mas nem sempre a utilidade é diretamente para você, pode ser para alguém próximo, alguém do seu network. Ai é que começamos a falar de relacionamento de valor, onde ajudar o próximo também faz parte do cultivar boas relações.

De verdade, no dia-a-dia, você precisa se relacionar bem com várias pessoas para que as coisas aconteçam, mas não necessariamente elas devam fazer parte do seu network. Isto é algo que as pessoas não diferenciam e passam a criar relacionamentos superficiais (não que relacionamentos recíprocos signifiquem necessariamente ir na casa da pessoa, mas poder contar com a opinião, com a recomendação ou atenção dela quando for necessário e de forma recíproca, sim).

Agora é com você. Dê uma boa olhada nas suas conexões e veja se está cuidando bem do seu network.

Abs, e não deixe de aproveitar a vida!

Sobre a autora:

Glaucia Miyazaki – parceira RH|PM

Sou executiva e Coach com mais de 17 anos de experiência profissional no chamado “Mundo Corporativo”, atuando em cargos de liderança e diretoria das áreas de Marketing, Vendas e TI de diversas empresas mercado. Publicitária formada pela ESPM/SP, Pós-graduada em Administração e com MBA em Gestão Empresarial pela FGV/SP. Vivenciei de tudo: de pequenas familiares a gigantes varejistas, de Entretenimento a Telecom, de Start-ups a falimentares, de serviços e de produtos, de organizadas as sem muitas regras…Tenho uma abordagem mais holística sobre a gestão e seu papel e sou conhecida pela forma franca e direta de me expressar. “Quando me pedem um feed-back, já vou logo perguntando: Com ou sem açúcar?”.

Além disto sou mãe (dois lindos meninos), mulher, esposa, estou trabalhando em um livro sobre Gestão e adoro cozinhar.

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