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Um belo dia você acordou e estava na posição de gestor.

Lógico que não foi tão simples assim: pode ter batalhado por isto durante toda sua carreira, pode ter participado de um processo seletivo interno, pode ter sido nomeado por ser o que mais conhecia sobre determinado assunto, por ser o mais antigo, por ser o mais puxa-saco, por falta de opções, contratado do mercado ou apadrinhado por alguém.

Uma pessoa pode se tornar gestora pelos mais variados caminhos, neste momento não vou questioná-los, mas ao chegar lá, como fazer para ser reconhecidamente um profissional admirado e respeitado? Como fazer para se manter na posição?

Uma das principais angústias dos novos gestores está relacionada à expectativa que se cria do que é ser gestor e do efetivamente a empresa espera de você como gestor.

Quando colaboradores pensamos: o dia que eu for o chefe, não será mais assim, não vou fazer assado, etc., pois geralmente vinculamos às decisões ao poder do cargo. Mas ao estar naquela cadeira, demoramos para entender o que realmente mudou (até porque ninguém conta isto para gente antes).

Muitos acreditam que a gestão é ser mais importante, ter acesso às informações privilegiadas, ganhar mais dinheiro, ter mais poder, ter time. Até certo ponto isto está correto, mas a abordagem está errada, as coisas não são assim tão simples. Quando você se torna um gestor, não é agradar seu chefe que deve ser seu foco. Você precisa mudar seu mindset, a forma como você pensa e age, pois agora é um porta-voz da empresa.

Chamo os gestores de porta-vozes, pois é pela condução deles que a estratégia vira plano de ação e é implementada, que o dia-a-dia acontece, que os “incêndios” são apagados. Assim, dentre outras coisas, como gestor de uma empresa, você precisará:

Continuar entregando resultados, e espera-se que cada vez melhores. Isto mesmo, agora a meta é mais sua do que do time, você será responsável pelo bom andamento de tudo conforme planejado, mas vai descobrir que o Joãozinho não é tão rápido quanto você era, que a Mariazinha, que fica enrolando, que o Pedrinho está atolado fazendo tudo sozinho, só para citar alguns exemplos. Tenho certeza que em alguns momentos vai passar pela sua cabeça uma vontade de pegar tudo e fazer você mesmo. Resista! Aprender como delegar é fundamental nesta posição.

Ter maior visão e controle de atividades diversas. Se você não é muito organizado, vai ter que arranjar uma forma de se organizar. Seja com agenda, cronograma, post-it, check list, qualquer coisa. Você precisa saber o que precisa ser feito e quando deve ser entregue, além de garantir a qualidade. Vai ter que aprender a priorizar, controlar e cobrar, sem ficar diretamente realizando tudo. E certamente, apesar de parecer claro para você, sempre terá alguém que vai te perguntar o que deve fazer primeiro. Prepare-se.

Resolver obstáculos, entraves e qualquer outro perrengue que impeça o bom andamento dos trabalhos. Antes, você levava o problema ao gestor. Agora trazem o problema para você resolver. Terá que aprender a como fazer o time resolver algumas questões, quando você deverá entrar em ação, mas principalmente como e com quem falará. Criar estes “caminhos das pedras” para solucionar coisas é fundamental.

Deixar de ter a visão de parte do time para ser líder do time. Você vai tomar menos partido de “causas dos funcionários” e entender mais as “políticas da empresa”. Terá que tomar decisões muitas vezes impopulares. Ouvirá “quando ele era do time não pensava assim”, “agora que virou chefe…”, etc. Liderar pelo exemplo, com respeito e com “ouvidos abertos” é um grande começo.

Aprender a dar feedback. O que implica em lidar com a reação e resultados disto. Feedback não é papo de bar, conselho de amigo ou coisa assim. É algo sério e importante para manter o time coeso, as pessoas se desenvolvendo e mantendo a transparência na gestão.

Mudar a forma de se comunicar. Agora precisará interagir com outros níveis, precisará realizar apresentações, opinar, se posicionar, passar mensagens recebidas, dosar a pressão que passará…Ter mais importância na empresa implica em tudo isto.

Aprender que a comparação sempre vai existir. “Se fosse o fulano, isto não teria saído fora do prazo”; “Beltrano não faria assim…”. Acalme-se e entenda que sempre haverá aqueles que erguem bandeiras passadas, mas quem está na posição é você! Aos poucos, vai conseguir imprimir sua própria característica de gestão (vai ter que descobri-la com o tempo). Até lá, foque em fazer bem feito o básico e isto já será de grande valia para você.

Se autoconhecer. Muita gente acha que se conhece bem, mas com as experiências vividas, você vai entendendo como reage. E quanto mais você se conhece, mais consegue se desenvolver e consequentemente performar. Isto trará mais clareza e segurança na forma de agir e com o tempo você criará a sua marca como gestor. Eu disse com o tempo, não será na primeira semana ou no primeiro mês. Humildade, estamos aprendendo sempre.

Treinar a resiliência. Uma das coisas mais importantes na sua atuação, pois nem sempre as coisas saem como você planejou, nem sempre serão um sucesso e a capacidade de ser flexível e lidar com os obstáculos são importantes para que você não fique frustrado o tempo todo. Em miúdos, é a sua capacidade de “engolir sapos grandes e sorrir de verdade”. Como eu disse, é um treino.

Tem muito mais, mas vamos com calma!

A mudança da operação para gestão é uma das mais significativas, e árduas, na carreira profissional de quem deseja galgar posições na hierarquia das organizações. Mas com humildade de quem sempre está aprendendo, ouvidos abertos para o novo e uma boa dose de leitura e atenção ao que acontece ao redor, você conseguirá passar por isto de forma mais leve e ainda terá boas histórias para contar depois.

 

E ai, está pronto para a Gestão?

 

Abs, e não deixe de aproveitar a vida!