Foi-se o tempo em que falar de seu local de trabalho significava apenas descrever o ambiente do escritório, especialmente, sua mesa de trabalho. Ah… bastava olhar a mesa do cidadão para determinar se ele era organizado, metódico, família, gamer, rocker, bagunceiro, atolado ou disponível… quase um oráculo: “me envie a foto de sua mesa de trabalho e eu te direi quem és…”

E as discussões em torno da produtividade, eficiência e foco também estavam voltadas para esta superfície mágica. Não que ela efetivamente não tenha relação alguma com os temas, mas é que a abordagem do trabalho e, portanto, sua relação com o local onde é executado, mudou.

Afinal, onde está sua estação de trabalho hoje? Pode ser num escritório – de forma tradicional, ou então em casa, na cafeteria da esquina, na praça com wifi público, num coworking… Tem opções para todo o gosto, bolso e necessidade.

Muitas empresas optaram por reduzir o tamanho de seus escritórios, por pressão de custos, por otimização de recursos, por fazer mais sentido para o trabalho…. Para que manter um escritório, se a maior parte dos funcionários fica externa, viajando ou em clientes? Então nascem os hot desks: estações de trabalho que não são de ninguém, quem chegar usa. Não tem lugar fixo, chegou, conectou e pronto. Muito prático.

Ai outra percebe que o fulano tem um chefe que fica no exterior, faz projetos envolvendo pessoas em outros continentes, ficando por conta de fusos completamente opostos ao horário comercial e que, efetivamente, não há necessidade de manter o funcionário no escritório. Então manda o cidadão fazer home-office. Ele conecta-se na rede segura da empresa, acessa tudo o que precisa, trabalhando de casa.

O fato é que, para os microempresários e autônomos, não havia muita saída ou trabalhavam de casa ou alugavam uma sala comercial. Hoje isto mudou, já que qualquer pessoa ou empresa, pode desenvolver seu trabalho utilizando um escritório virtual ou os espaços de coworking.

Num escritório virtual, serão encontradas as “facilidades” do escritório convencional (endereço para receber correspondências, salas de reunião, recepcionista, equipamentos para impressão, serviços de office boy, etc), que podem ser alugados só quando você precisa, otimizando, portanto, os recursos financeiros de quem não quer ou não precisa de estrutura física todos os dias. Uma grande vantagem é não ter que se preocupar com o funcionamento das coisas e focar no seu projeto. É igual mágica, o papel higiênico é reposto, a impressora vai funcionar, não faltará café na sala de reunião porque você não teve tempo de comprar. Tudo isto é gerenciado pela empresa que fornece o escritório virtual para você.

E com o crescimento do trabalho freelancer e das start ups nasceu o chamado coworking.  Seu propósito é criar espaços inspiradores e criativos visando fomentar negócios e desenvolvimento de ideias. Assim como no escritório virtual (inclusive este é um serviço adicional oferecido por muitos espaços de coworking) você paga para estar dentro desta “comunidade colaborativa”. Mas é preciso atenção, seja porque há diversos tipos de coworking (mas tudo é denominado da mesma forma), seja para entender se isto é para você.

Existem espaços de coworking que correspondem apenas a aluguel de estação de trabalho. Você chega, aluga, conecta e sai trabalhando. O ambiente pode não ser tão lúdico, legal e criativo, tendendo a ser mais padrão escritório mesmo, e o principal, não existe interesse em fomentar a integração e comunidade, visando gerar ideias e contribuir com parcerias, é quase um negócio imobiliário. Você consegue perceber isto olhando o tipo de mesas, a disposição dos ambientes, o tamanho das áreas destinadas à integração e até se o local tem agenda de eventos, palestras, etc.

Existem outros que são uma graça. Ludicamente, quando não até tematicamente, pensados, estações de trabalho transadas, locais para descompressão, integração, copa-cozinha, tudo moderno. Mas para por aí, ficando só na classificação “lugar de trabalho transado”. Claro que por conta dos espaços dedicados à interação, com esforço/interesse dos frequentadores deste coworking, é possível se realizar uma troca interessante de ideias, etc., mas não é algo fomentado pelo espaço.

E há o que eu chamo de “coworking-raiz”, aquele que nasceu com um propósito diferente. É um espaço bacana, pode ser modernoso ou criativo, mas essencialmente pensado para promover a interação das pessoas. Além das estações ou salas para trabalho, salas de reuniões e as “facilidades” dos escritórios, mantêm espaços para interação e trocas entre os coworkers, têm uma agenda de eventos, palestras, happy hours, rodadas de negócios e tudo mais que possa promover esta comunidade.

Em muitos deles você consegue encontrar opções para trabalhar sozinho, com equipe e até levar um departamento ou empresa inteiro para dentro deles. De fato, os coworkings são muito flexíveis. Lógico que há muitas variações destes modelos, mas classifiquei aqui o que mais encontrei por aí.

E já que o coworking é pago, porque a pessoa não fica em casa trabalhando e economiza? Novamente, depende de você, de seu perfil, de seu interesse, de seu trabalho. Veja alguns pontos para considerar:

O coworking é para você se:

– Você gosta de discutir ideias, ver outras formas de pensar, outros pontos de vistas de áreas diferentes;

– Você prefere socializar, estar rodeado de pessoas, interagir;

– Você precisa sair de casa para conseguir se concentrar e realizar um trabalho de forma concentrada;

– Além de aprender, você também quer colaborar com outras pessoas, ajudando-as em situações que você já viveu ou oferecendo seu ponto de vista para uma problemática;

– Você precisa de uma infraestrutura para desenvolver seu projeto (salas de reunião, projetor, conferências, etc);

– Não se incomodar com um certo nível de barulho, principalmente se precisar fazer ligações frequentemente (para solucionar isto, alguns espaços oferecem salas para ligações, com um pouco mais de privacidade/acústica);

– Não precisa de sigilo e reserva para exercer seu trabalho (por exemplo, um psicólogo ou médico atendendo num espaço de coworking ficaria realmente complicado, a não ser que utilize as salas privativas, que são o meio termo entre custos de escritórios próprios inteiros e aluguel de posições).

Um escritório em casa é para você se:

– O dinheiro está muito apertado e representaria um grande esforço estar num outro tipo de ambiente;

– Você tem disciplina para não começar o “dia de trabalho” de pijamas e pantufas, em frente à TV;

– Você tem um espaço em casa para conseguir ficar isolado sem interferência, podendo separar a rotina doméstica da sua rotina de trabalho (o que inclui a acústica: o latido do cachorro, o aspirador…);

– Você não se importa de ficar isolado, sem interagir pessoalmente com outras pessoas;

– Você gosta de maior conforto e privacidade;

– Você demanda super flexibilidade de trabalho, alternando a rotina entre tarefas pessoais e profissionais.

Não tem certo ou errado, melhor ou pior, tudo depende… E para você? Qual é melhor modelo para desenvolver seu atual trabalho ou projeto?

 

Abs,

Não deixe de aproveitar a vida