Isso não é brincadeira

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A coluna de hoje talvez possa parecer uma continuação da última publicada, quando contei, em forma de historietas, algumas passagens engraçadas e reais ocorridas em diversas empresas, com diversas pessoas.

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Mas esta aqui não é engraçada, infelizmente. Hoje vou ficar devendo algumas risadas, pois vou falar de fatos que podem até parecer inventados de tão absurdos, e que por serem tão absurdos podem até trazer um certo humor involuntário, mas são muito sérios, ocorridos no mundo real, e que merecem o aprofundamento de um especialista para orientar sobre o que fazer em situações semelhantes. O limão hoje vai espirrar no olho do assédio moral.

Fato 1

O chefe realiza uma reunião com a equipe de vendas para acompanhar os resultados e a situação de cada membro e suas metas. É uma sexta-feira, a reunião ocorre sem qualquer incidente, a situação está tranquila e os negócios parecem ir bem. Vem o almoço. Na volta, os funcionários se reúnem no café e batem um papo ameno. Lembre-se, é sexta-feira! O chefe passa pela copa, vê sua equipe e começa a chamar um por uma via SMS. Cada um que entra, sai da sala dele cabisbaixo. O teor das conversas? “Como assim você está perdendo tempo no café, rindo e conversando? Você deveria estar preocupado em vender!”. Ao que o funcionário responde: “mas Fulano, conversamos agora de manhã, minhas metas estão traçadas e estão sendo atingidas!”. “Não interessa! Se não perdesse tempo com café poderia superar os números. Vamos repassar tudo novamente para você levar a sério!”.

Fato 2

Uma vez existiu um chefe que mandou programar os aparelhos para que ele pudesse chamar qualquer funcionário pelo viva-voz e o som ser ouvido bem alto em todos os telefones, de todo o setor. Quando isso acontecia, ele ficava esperando a pessoa de pé, na porta da sua sala, para que quando o funcionário entrasse ele pudesse bater a porta com toda a força atrás dela.

Fato 3

Um funcionário vai conversar com seu chefe sobre a necessidade de realizar uma cirurgia. Ele sofre de uma doença benigna porém crônica, e que causa dores incapacitantes. O procedimento é indiscutivelmente necessário para sua saúde. Sua intenção é alinhar com seu líder como ficarão as atividades durante sua ausência e comunicar que já está trabalhando em conjunto com outra pessoa para que nada fique parado dependendo de seu retorno. O chefe é contra, diz ao funcionário que ele não pode sair nesse momento para realizar a cirurgia por se tratar de um período de fechamento de resultados e que deveria deixar para resolver problemas pessoais durante suas férias.

Fato 4

Já passa das 20:00 de uma sexta-feira. O funcionário está fora da empresa, resolvendo assuntos particulares. Toca o celular. É o chefe. Ele avisa por mensagem que não pode atender naquele momento mas que tão logo esteja liberado, retornará a ligação. O que se segue são mais de 20 ligações do chefe, e a contagem só não é maior porque o funcionário desliga o celular. Assim como havia prometido, retorna a ligação. O chefe dá um esporro, dizendo que o celular é da empresa e que sempre que ele ligar, deve ser atendido na hora. O que ele queria? Ah, nada importante, podemos falar na segunda.

Fato 5

Em outra conversa por celular, o chefe fala para o funcionário (aviso de termos chulos a seguir): “Beltrano, se você come sua mulher como você vende ela está perdida mesmo, você é um bosta!”.

Fato 6

Sempre que chegava o período de fechamento de resultados, o chefe não hesitava em começar a ligar para seus funcionários às 7:00 da manhã.

Essas coisas não são normais, ou melhor, não deveriam ser consideradas normais no mundo corporativo. Não se trata de pressão, competitividade, chefes exigentes. Chefes assim estão cometendo assédio moral e isso é uma forma de violência. Eles não são competitivos, são agressores. Afinal, não pode ser corriqueiro o fato de mais de 6 pessoas passarem pelo mesmo cargo no período de um ano por não aguentar os abusos. Alguma coisa muito errada está acontecendo aí.

Agora a questão mais importante: como agir quando somos vítimas de assédio moral no trabalho? Que medidas o funcionário pode tomar para que as agressões parem e o agressor seja punido? Veja no post do Paulo Moreno – Clique Aqui

Sobre a autora:

Paula Sanches – parceira RH|PM

Formada em Comunicação Social, é do tempo em que não se tinha nem computador na firma pra todo mundo. Começou como estagiária pegando café e “tirando xerox” e seguiu pelo mundo corporativo até a empresa em que estava falir. Continuou por conta própria entre freelas e novos projetos e escrevendo umas coisinhas aqui e acolá, até que veio parar aqui para contar histórias e dar suas opiniões sarcásticas sobre o mundo corporativo, mesmo sem ninguém pedir.

Crédito de Imagem: Pixabay


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