Que ano é hoje mesmo?

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Eu (e quase todas as mulheres que conheço) vivo me perguntando: que ano é hoje mesmo? 2015? Porque parece que estamos retrocedendo ao invés de avançar. Em pleno ano em que deveríamos estar passeando de skates voadores, reidratando pizzas e dirigindo carros voadores, ainda estamos brigando para poder trabalhar e criar nossos filhos sem que isso seja visto como um absurdo.

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O que esperar deste universo quando vemos que um país, ou melhor, uma potência como os Estados Unidos NÃO tem licença maternidade remunerada? Ainda que eles não estão sozinhos nessa, não. Completando a dupla de únicos países no mundo que não têm qualquer tipo de licença maternidade assegurada em lei está Papua-Nova Guiné. Uau né?

Mas vamos nos ater ao que está próximos de nós, afinal, nós no Brasil temos direito a 120 dias de licença remunerada – algumas empresas ampliaram esse benefício para 180 dias. Está tudo certo? Longe disso. Na prática, as mulheres sofrem pressão de todos os lados, desde a contratação, ou tentativa dela, até o exercício de suas funções. Certa vez participei de uma entrevista em uma grande multinacional europeia e fui perguntada sobre planos de engravidar. Fui honesta, respondi que os tinha sim. Julguei que ou a empresa valorizaria minha honestidade ou mostraria sua verdadeira cara. A segunda alternativa, infelizmente, foi a correta.

Cá entre nós, quantos de vocês homens já ouviram essa pergunta numa entrevista? Alguma vez sua vontade de ser pai foi relevante na busca por uma colocação? Vai ver a maioria das empresas já parte do princípio de que todos os homens, ao se tornarem pais, vão seguir o modelo antigo de pais ausentes, portanto não há com o que se preocupar.

Pensando do lado do empregador, é realmente um risco ter uma mulher com filhos trabalhando. Faltam quando as crianças adoecem, têm que sair no horário para buscar os filhos na escola, não prestam atenção no trabalho, não têm comprometimento, não podem trabalhar além do expediente, têm vida própria fora a empresa! (não fiquem bravos ou assustados, calma, fui irônica).

Esse é um assunto que mexe muito comigo e que pretendo retomar outras vezes. Umas mais a fundo, outras com bons exemplos, outras mostrando o que não se fazer. Por ora, quero brincar um pouco e tentar mostrar as vantagens que só alguém com filhos pode oferecer. Vamos lá:

  • Não é só a mãe de uma criança que pode te deixar na mão, querida empresa! Geralmente as crianças têm pais também e parece, só parece, que alguns estão efetivamente comprometidos em dividir as responsabilidades sobre a criação da prole. Então pode ser que uns por aí tenham que sair no horário certo para buscar na escola, levar ao médico ou cuidar num caso de doença.
  • Uma vez com filhos, as contas são cruéis. Pode ter certeza de que ninguém no mundo valoriza mais uma colocação remunerada do que alguém com boquinhas a sustentar. O Toddynho está pela hora da morte.
  • Não existe pessoa mais capaz de realizar tarefas simultâneas e cumprir prazos do que quem cria um filho. Se você se deparar com alguém que é capaz de fazer um moleque de 6 anos fazer a lição, almoçar e se aprontar para a escola, tudo isso enquanto paga contas, apronta a lancheira e termina o freeela, CON-TRA-TE-NA-HO-RA.
  • Esse é um segredo que ninguém tem muita coragem de ventilar, mas olha, conto aqui bem baixinho: tem horas que a gente precisa de uma folga dos filhos, e poder exercer aquela atividade para a qual nos preparamos durante anos é simplesmente perfeito!

 

Beijo e me emprega!

 

Sobre a autora:

Paula Sanches – parceira RH|PM

Formada em Comunicação Social, é do tempo em que não se tinha nem computador na firma pra todo mundo. Começou como estagiária pegando café e “tirando xerox” e seguiu pelo mundo corporativo até a empresa em que estava falir. Continuou por conta própria entre freelas e novos projetos e escrevendo umas coisinhas aqui e acolá, até que veio parar aqui para contar histórias e dar suas opiniões sarcásticas sobre o mundo corporativo, mesmo sem ninguém pedir.

Crédito de Imagem: Pixabay


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2 thoughts on “Que ano é hoje mesmo?”

  1. Olá Paula, adorei o texto, mas o que dizer de um recrutador que se espanta quando uma mulher diz que não quer ter filhos? Se a mulher quer é problema e se não quer também. Não entendo!! Eu não pretendo ter filhos e quando digo isso numa entrevista, juro que me sinto muito mal, porque já sei que terei inúmeras perguntas sobre o assunto e a entrevista se resume aí e a profissional já não interessa mais.

    1. Nossa Fernanda, é inacreditável! Realmente é pressão de todos os lados. O seu caso é mais um que me dá nos nervos, seja no âmbito particular, seja no corporativo. Du-vi-do que algum homem já foi julgado como você por não querer ter filhos. Aí a gente entra naquele esquema sexista:
      – mulher solteira = encalhada / homem solteiro = garanhão indomável
      – mulher com filhos = incompetente / homem com filhos = vida completa
      – mulher sem filhos = coitada ou desalmada / homem sem filhos = aventureiro incorrigível que aproveita a vida ao máximo
      Lembrei de uma amiga que, numa conversa recente, comentou que não sabia se queria ter filhos. Nas palavras dela, o interlocutor olhou pra ela como se ela tivesse acabado de contar que tinha acabado de atropelar uma família de pandas.
      Eu ainda vou botar muito minha boca no trombone, pode apostar!
      Beijo e obrigada pela leitura!

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