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Desde criança adotamos modelos para transpor os ritos de passagem que fazem parte da vida. Pai, mãe, avó, irmão, amigo, colega, vizinho, professor, ídolo … seja quem for, nossa face refletida no espelho mostra que queremos ser algo mais, talvez para ir além ou para ser aceito. Tanto faz …
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A verdade é que comportamento, perfil e estilo são construídos por referências. Se é adequado ou não, o modelo que seguimos rege nossos padrões, interações, sonhos, vontades, desejos. Ele dita e normaliza a forma como nos relacionamos em nossos diversos nichos, fundamenta aquilo que expressamos ser e interfere em nossas escolhas e decisões.
Nas várias facetas utilizadas pelo ser humano, a percepção de exclusividade e unicidade é intrigante. Embora, cada indivíduo seja único, os traços de um outro alguém acabam fluindo em seus trejeitos. É como se fosse uma sensação de déjà vu constante – Nossa, como Fulano parece/lembra Beltrano, né? Ou seja, a essência está “contaminada” pela adaptação do outro em você. Algo plural que envolve muitos outros e vocês.
Esse “negócio” parece conversa de pessoa desajustada, mas pensa bem … permita que todo o seu senso crítico aflore … vivemos em uma sociedade na qual o poder das marcas domina em uníssono os desejos e necessidades – quem não quer conforto, luxo, glamour, paparicação e afins? Um exército de nomes e símbolos está formado em todos os setores, incluindo o corporativo.
Ok. Não há nada de errado nisso. Porém, aquilo que você precisa/deseja é realmente um desejo genuíno? VOCÊ quer isso? É necessário? É a sua vontade? Os rótulos que você “pendura”, a empresa para a qual você cede, via relação de troca, suas competências, o meio no qual você está inserido e todo o seu universo que orbita ao seu redor … TE representam? Ou é apenas um jogo de um só vencedor? – Sendo você o, eterno, segundo colocado!
Aquilo que (ou quem) você copia é realmente a melhor opção? (A procedência é relevante? É a melhor estrada a ser percorrida? A credibilidade é incontestável?)
Você poderia ser a cópia de alguém? (Seria um bom modelo a ser seguido?)
A cópia te copiaria? (A possibilidade de inverter a relação é real, mesmo em um mundo imaginário, ou ledo engano?)
Copiar vale a pena? (E aí, já pensou nisso? Qual o grande benefício? Lei do menor esforço? Se já existe, para quê vou gastar/perder tempo com isso se posso apenas alterar um ou outro detalhe, né?)
Em uma passagem rápida pelo livro Clube da Luta, de Chuck Palahniuk, três frases chamam a atenção e reforçam um sentimento comum no mundo copiado:
- Trabalhamos em empregos que não gostamos para comprar um monte de coisa que não precisamos.
- As coisas que você possui acabam possuindo você.
- É apenas depois de perder tudo que somos livres para fazer qualquer coisa.
Daí surge a indagação: É esse o resultado?
A cópia serve para quê mesmo? Quem sabe para enganar, dar coragem, tampar um buraco, promover a ilusão, constituir uma dupla personalidade … enfim serve para tantas coisas e, principalmente, para obstruir e calar a autenticidade e originalidade.
Se o melhor que pudemos alcançar, até agora, foi uma sucessão de cópias melhoradas (pessoal e profissionalmente) e a institucionalização do mais do mesmo; mesmo com todo levante em apoio ao “saia da caixinha”, que tal permitir à cópia um dia de folga (seu banco de horas está estratosférico mesmo!)?
E neste dia livre da cópia ousar ser você. Apenas VOCÊ!!!! …. Pode ser que a cópia nem volte nos outros dias!!!! O risco é perder todas as horas acumuladas sendo algo ou alguém que você definitivamente não precisava ser ….
Será que vai fazer falta?
Sobre o autor:
Apaixonada por música, livros, filmes e experiências, ouso dizer que meu principal foco de atenção é o ser humano. Eita! Bicho homem que faz meus olhos brilharem com um simples “dedinho de prosa”. O universo que é cada um em si torna-se fonte preciosa de informações, que contribuem para meu “fantástico” mundo de ideias e soluções.
Crédito de Imagem: Pixabay