Trabalho Glorioso

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Após um longo hiato cá estamos de volta com o Limão Corporativo! Afinal, depois do Leo Di Caprio finalmente ganhar seu Oscar, todos podemos respirar aliviados e voltar às nossas rotinas.

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Falando em Oscar, e a Gloria hein minha gente? Acharam bacana? Ou não podem opinar? Eu confesso que não vi a performance dela ao vivo, estava assistindo à cerimônia por outro canal com som original, mas lembro que comecei a ver alguma coisa sobre ela nas redes sociais ainda durante a transmissão. Já no dia seguinte foi impossível ficar alheia aos fatos. Era só sobre o que se falava; se falou mais disso do que sobre o pobre Leo. Como dizem, ela quebrou a internet. Só dava ela!

Gloria mal preparada, Gloria de mau humor, Gloria arrogante, Gloria desinteressada, Gloria perdidinha da silva. Essas foram algumas das análises que o grande fórum da internet fez da moça. Não há como negar que os memes foram sensacionais se até ela gostou, conforme disse no vídeo que gravou depois de toda repercussão. No tal vídeo ela não oferece uma justificativa mais concreta sobre sua lacônica atuação, mas faz sua defesa dizendo que havia sim assistido aos principais filmes, apenas não viu algumas animações e curtas. Diz ainda que participou do programa como se estivesse na sala de casa com alguns amigos e conta que havia chegado aquele dia mesmo de uma viagem internacional, talvez querendo dar a entender que estava cansada.

Vestindo a capa dos detonadores, difícil imaginar que o convite rolou na base do “e aí miga, o que cê vai fazer hoje à noite? Bora comentar o Oscar?”. A coisa deve ter acontecido com alguma boa antecedência, dentro de alguns termos a serem cumpridos para conciliar as agendas, já que ela está em pleno período de divulgação de seu mais recente filme. É praticamente certo afirmar que houve tempo suficiente para algum preparo, como assistir aos indicados em cartaz ou, no mínimo, saber quais faziam parte da lista divulgada pela academia no dia 14 de janeiro de 2016. Será que ela achou que era tão bacana (com o perdão do trocadilho) que não precisava de preparo algum? Tipo, já fui Ruth e Raquel e aturei o Tonho da Lua na mesma novela, não há o que eu não consiga fazer nesse mundo!

Vestindo agora a capa do #somostodosgloria, será mesmo que foi tudo super organizado e a culpa era toda dela? Será que realmente não a convocaram em cima da hora, alegando um banco de horas que ela devia, alguma cláusula de contrato ou coisa assim? Li num site de fofocas (oops, escapou!) que houve um atrito entre Gloria e um dos outros comentaristas momentos antes da transmissão. Talvez isso tenha azedado a coisa toda, vai saber?

A questão é que todos nós já vivemos nossos dias de Gloria (mais um trocadilho, aguenta aí!) em nossos empregos, seja pelo lado “sou ruthraquel ninguém me segura” ou seja pelo “danou-se, o chefe mandou eu ir”. Que atire o primeiro meme quem nunca subestimou um prospect, foi mal preparado para uma reunião, se achou plenamente capaz de participar daquela reunião com o CEO mesmo sendo um estagiário ou nunca deixou pra depois/esqueceu e teve que fazer seu trabalho às pressas, de qualquer jeito.

Curiosamente, durante o almoço de domingo estava conversando com amigos e falamos sobre algumas grandes empresas de consultoria que oferecem projetos com toda a pompa e circunstância, garantindo que possuem o conhecimento e o time de especialistas necessários para entregar um resultado impecável. Projeto vendido, chegam no colaborador sobrecarregado e, bem, sem toda aquela qualificação que venderam, jogam na mesa dele uma apresentação ou um manual qualquer e mandam um “taí a referência, implementa aí”. Nessas horas, o colaborador obviamente não é capaz de opinar. O projeto, na melhor das hipóteses, fica médio.

Posso relatar uma experiência pessoal glorificante. Recém contratada por uma enorme empresa, cheguei feliz e contente – e perdida no novo emprego. O departamento era um território só masculino, com os gerentes atendendo grandes contas e eu seria a analista de mercado que os abasteceria de informações. Além disso, já que eu estava ali mesmo, cuidaria também da rotina administrativa da coisa. Eis que o tempo vai passando, ninguém da área vem falar comigo, ninguém me ensina nada. A empresa tinha a magnífica política de eleger um padrinho ou madrinha para novos funcionários. Quem foi a minha? Uma secretária. E o que ela me ensinou? A ser secretária. E os gerentões do departamento falavam que eu não sabia me posicionar. Eu acabei nunca atuando na função original de analista de mercado. Virei assistente administrativa. Minha porção “ruthraquel” tem a culpa por não ir atrás de resolver a situação, por não buscar com mais empenho o direcionamento que eu precisava tanto. Minha porção #somostodosgloria reside no fato de que eu era recém formada, sem experiência e eles sabiam disso. E que empresa contrata um novo funcionário e não orienta sobre seu papel? Pelo jeito, muitas, infelizmente.

A questão é que nós todos, uma hora ou muitas outras, fazemos a Gloria no trabalho. Com alguma sorte a coisa não repercute muito. O azar dela é que a coitada fez isso em rede nacional.

#somostodosgloria

 

Sobre a autora:

Paula Sanches – parceira RH|PM

Formada em Comunicação Social, é do tempo em que não se tinha nem computador na firma pra todo mundo. Começou como estagiária pegando café e “tirando xerox” e seguiu pelo mundo corporativo até a empresa em que estava falir. Continuou por conta própria entre freelas e novos projetos e escrevendo umas coisinhas aqui e acolá, até que veio parar aqui para contar histórias e dar suas opiniões sarcásticas sobre o mundo corporativo, mesmo sem ninguém pedir.

Crédito de Imagem: Pixabay


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